A beleza da diversidade feminina
Que bom que você está aqui para a nossa conversa! Hoje trago minhas reflexões para o mês de março e quero falar das mulheres, de todas elas, da sua diversidade. Sempre dedico um tempo ao 8 de março, e este ano não consegui participar de movimentos coletivos, nem fiz meu habitual esforço de construir ações e conteúdos.
Mas, no dia 08, sábado, me vi assistindo ao filme “Pisque duas vezes”, que para minha grande surpresa, é um filme feminista, um thriller da diretora Zoë Kravitz. O filme me levou a ler e estudar a tese da amiga Gabriela Chultz e o livro Explosão Feminista, da Heloisa Buarque de Holanda. Mergulhei no universo feminino e nem deu tempo de pegar meus óculos e meus pés de pato!
A Zoë aborda, no estilo “Kill Bill”, as violências que enfrentamos, pela interpretação de mulheres negras, latinas e indígenas. Isso me lembrou do compilado de textos do livro da Heloisa, que fala de feminismos no plural. Dentro do universo feminino, existem inúmeros universos, e todos são relevantes enquanto pautas e lutas.
Dediquei-me também a ler a tese da Gabriela, que traz de forma brilhante a complexidade do universo da mulher artista e da sensualidade. O paradoxo de ser vista como objeto, mas também ter o poder de usar isso a seu favor. Não se enganem: os julgamentos sobre as ações, profissões e posicionamentos de cada mulher são muitos, e, em geral, permanecem em um nível raso de compreensão da complexidade da atuação feminina no mundo.
Concordo com a Heloisa que somos muitas, e todas têm lugar de fala na pauta feminista. Aqueles que dançam, que enfrentam preconceito de raça, aqueles que existem a partir da diversidade de gênero e também aquelas que têm uma postura conservadora diante do mundo. Todas são mulheres nesse mundo que ainda mata e viola mulheres.
Todas nós estamos utilizando recursos para sobreviver da melhor forma, ultrapassando os desafios de desenvolvimento da nossa psique e buscando saúde em um sentido amplo. Algumas rompem, outras reforçam comportamentos de julgamento sobre nossos corpos e nossa existência, mas todas lidam, de alguma forma, com esse jogo de poder que ainda insiste em nos oprimir.
Sempre digo que é difícil lidar com abusos tardiamente, e o que sinto é que, cada vez mais conscientes do nosso lugar como mulheres no mundo, percebemos as violências muito tempo depois que aconteceram, muito depois que mudaram radicalmente nosso modo de agir, pensar e sentir. Mas é por esse caminho que alguma transformação ocorre; a dor sentida, ao menos, não nos prende mais e pode ser refletida.
O avanço do entendimento que pude visualizar no último dia 08 foi justamente sobre a diversidade. A igualdade de direitos é um aspecto de racionalidade dentro do universo feminista, ou seja, da luta contra a opressão de gênero. Como se sente uma mulher negra? Como se sente, como age, que coisas deixa de fazer uma mulher trans? Como se sente uma mulher indígena? Como é a sua vida? Para além de ganhar o mesmo salário e ter acesso ao conhecimento — que é, sim, importante — quanto maior é essa pauta? Quais mulheres de fato estão fazendo parte? Penso que devemos ampliar ainda mais essa consciência, olhar para o cuidado, para os traumas, para o ato sagrado de parir, para as diferenças de classe e raça, e para a ampla construção do ser mulher.
Com mulheres, tenho trabalhado com educação física nos últimos anos, e sou muito grata pela presença de cada uma, pela persistência em curar suas dores, pela coragem de encontrar suas potências e belezas. Elas, todas, são sempre uma inspiração.
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Meu convite, então, é ampliar ainda mais a consciência sobre as questões de gênero, não esquecendo que estão totalmente vinculadas às questões de classe e de raça. Ao trazer consciência ao tema, podemos fazer melhores escolhas, homens e mulheres.
Com o afeto de todas as mulheres, agradeço sua atenção.
Seguimos no flow.
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