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A partir de um depoimento de uma aluna, trago uma disussão importante sobre o papel da educação física no tratamento da obesidade. Ainda, acima disso, a nossa responsabilidade enquanto profissionais que podem estar reafirmando um preconceito diante do corpo gordo. Ampliando ainda o olhar sobre a questão, vemos a necessidade de acolhimento das questões de saúde das pessoas, é preciso sair do pedestal de especialista e colocar os sujeitos no centro das ações.

Depoimento de encher o coração

Essa semana recebi esse rico depoimento, que tenho o maior prazer de compartilhar:

"Carol o teu trabalho me ajudou a resgatar uma sensação que os anos de obesidade tinham me tirado. MEU CORPO PODE, EU POSSO, por consequência.

Nesse processo de voltar a cuidar da saúde, me vi com uma DESCONFIANÇA do que eu aguentava, um receio, um MEDO de testar o corpo. Eu gosto e tinha uma vida ativa, dinâmica, DISPONÍVEL, ao ar livre... E foi muito ruim me ver sem isso. Pensava que não podia me resignar com a OBESIDADE, porque não queria perder a liberdade de escolher algo e saber que consigo fazer.

É um processo muito PROFUNDO que nem sei se todo obeso tem noção, de se ver impossibilitado de realizar AÇÕES DO CORPO. Em geral o que pega é a aceitação social, mas o que me ENTRISTECIA mais era não conseguir fazer algum movimento que eu quisesse. O Flow foi uma TERAPIA, porque muitas vezes quando tu apresentava um movimento eu pensava imediatamente que não ia conseguir. Aí teu jeito de condução se conectava com essa vontade de PASSAR ESSAS BARREIRAS e eu ia lá tentava e conseguia.

O Flow me levou a lugares muito diferentes das práticas que já fiz e me FORTALECEU a coragem de experimentar. Me devolveu uma OUSADIA que tenho certeza que REVERBERA para todo o resto da minha vida, voltar a estar confiante.

Estou muito feliz, porque hoje, depois da aula, me iluminou a consciência de que EU POSSO!"

Vamos agora olhar o que está por trás dessa fala...

Os sujeitos no centro

Esse depoimento é muito importante porque por trás dele tem uma questão bem grave que acontece com quem tem o corpo gordo ou quem passa por estar obeso, que é um preconceito. Eu como alguém da educação física responsalibizo a gente que incentiva e guia práticas de exercícios e critico a classe porque já senti uma inadequação do corpo diante de uma aula ou de um treinamento do físico.

Sinto que ainda falta muita dedicação, uma dedicação genuína para adaptar as práticas de forma efetiva para todo mundo. No discurso se fala em exercício para todos, mas questiono se os espaços e os profissionais estão relamente dispostos a compreender e acolher a todos. Jovens, mais velhos, gordos, magros, as pessoas que não gostam de exercícios, os diversos problemas de saúde e as diversas questões do corpo.

Por trás desse lindo depoimento tem esse preconceito. Ela internalizou, antes mesmo de ter acesso aos movimentos que ela gostaria de fazer, de que ela não ia conseguir. E isso é uma ideia difundida no mundo, de que o corpo gordo é um problema, de que o corpo gordo tem dificuldade de realizar ações, de que o corpo gordo não é capaz. Isso é preconceito e precisamos combatê-lo.

A gente da educação física precisa perguntar se a gente realmente acolhe a diversidade. Tomar também a responsabilidade de agir contra esse preconceito. Se você acha que uma pessoa gorda tem que emagrecer, está errado. Se você vê alguém acima do peso, e acha que ela precisa primeiro perder peso, fazendo um exercício simples como uma caminhada, antes reduzir seu tamanho para daí então acessar uma prática do corpo mais complexa, está muito errado. Você está sendo gordofóbico, e nosso papel é encontrar um bom caminho pra que todos se exercitem e se aproximem do seu corpo, independente do seu tamanho.

Então por trás desse depoimento muito lindo, está a necessidade de acolhimento! E a urgência de colocar os sujeitos no centro das práticas, no centro das nossas ações. Não se trata de emagrecer, engordar ou ficar forte, mas sim de atender uma pessoa com todos seus medos, sua história, suas questões com o corpo. E esse é meu manifesto para que a gente repense a forma como acolhe todos as questões da pessoas, especialmente a obesidade. Mas também a forma como enxergamos as pessoas gordas, porque elas são tão capazes quanto as pessoas magras, as altas, as baixas. Somos todos muito potentes em relação ao nosso corpo.

Referências

Pra fechar esse artigo sobre preconceito, corpo gordo e gordofobia, convido vocês a mudarem as referências, as pessoas que vocês seguem e as ideias que elas carregam. Temos muita referência visual de pessoas com corpo padronizados, magros, fortes, e como sinônimo de saúde um esteriótipo de corpo e um modelo de vida que nem sempre é saudável. Repensar os parâmetros de saúde é urgente e se colocar como um profissional de saúde realmente preocupado com a humanidade, com a integralidade do que somos é um grande ideal a ser alcançado no meu ponto de vista.

Aqui a Ellen, alguém da educação física que combate a gordofobia: https://www.instagram.com/atleta_de_peso.

Aqui a Letícia, modelos que é uma lição de amor próprio: https://www.instagram.com/letticia.munniz.

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